Total de visualizações de página

sexta-feira, 26 de abril de 2013

JUSTIFICAÇÃO SEM AS OBRAS DA RELIGIÃO - Parte 6


            Eu era um desses que julgava ter "aceitado a Cristo", tendo trabalhado desde pequeno em uma igreja evangélica, ocupando os cargos mais diversos, freqüentando dominicalmente os cultos, sem, contudo, ter vida em mim mesmo, porque não me havia sido pregada a minha morte e ressurreição com Cristo. Não era regenerado; era iludido. Pensava que era salvo, mas era perdido. Pecador, sem graça, cheio de obras enfadonhas e infrutíferas, o inferno era destino certo. "Tão perto do reino, mas sem salvação", como diz a letra daquela canção que tantas vezes cantei, sem me dar conta de que era o retrato de mim mesmo. Mas, quando aprouve a Deus revelar Seu Filho em mim, quando cri no Evangelho da graça, entrei no descanso do Senhor e descobri que a graça de Deus me é bastante. A fé que Ele me deu tem produzido obras que não causam fadiga, que não me consomem, que não me esgotam. Ao contrário, dão alegria, prazer e gozo no Espírito Santo, sendo até mesmo difícil enxergá-las como tais. As boas obras da graça produzem os resultados almejados por Deus, por isso não há necessidade de preocupação com os mesmos. Ademais, elas não produzem a minha exaltação, nem a minha glória, mas a glória de Deus.
            Quem está morto com Cristo (e vivo nEle) está justificado do pecado. Logo, considero-me bem-aventurado, pois já não me é mais imputado pecado. Não existe mais nudez que precise ser coberta, porque não tenho mais a consciência escravizada, mas, sim, a mente de Cristo. As minhas obras de religião ficaram para trás desde que me foi concedido, pela graça, o crer no evangelho, e por essa fé eu fui justificado. Assim, Deus resolveu o maior problema que me afligia, a saber, a escravidão do pecado: "Pois não recebestes o espírito de escravidão para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!".
            Em suma: a justificação é pela fé que Deus mesmo manifesta através de sua Palavra e de Seu Espírito Santo, pois o homem natural, morto em delitos e pecados, por si mesmo não pode crer nas verdades espirituais, pois não pode sequer discerni-las, precisando, primeiramente ser vivificado. Tal vivificação (pela Palavra e pelo Espírito) é manifestação da graça de Deus, que opera em nós tanto o querer quanto o efetuar, de maneira que Ele, e somente Ele, é o responsável por nossa justificação, salvação e santificação, sendo nossas obras a conseqüência da manifestação da graça de Deus em nossas vidas. Essa graça, em última análise, é a própria vida de Cristo em nós, manifestada e mantida por intermédio do Espírito Santo que em nós habita, o qual recebemos, nos foi dado; não comprado, nem escolhido, embora o tenhamos buscado insistentemente após a manifestação do "querer" de Deus (aqui me refiro, evidentemente, aos verdadeiramente justificados e salvos). Creio nessas verdades, por isso as prego, pois sei que só Deus pode livrar das obras da religião muitos dos que estão lotando as igrejas sem o conhecimento da Palavra de Deus, e só Deus pode conduzi-los ao pleno conhecimento de Sua graça, a qual Ele nos dá gratuitamente em Cristo.


quinta-feira, 25 de abril de 2013

JUSTIFICAÇÃO SEM AS OBRAS DA RELIGIÃO - Parte 5


            A salvação e a justificação vêm pela graça, e esta é manifestada a quem Deus quiser; não é algo que alcançamos à parte da vontade, iniciativa e propósito dEle. Aqui a coisa fica difícil. Todavia, ninguém pense que pode escolher a graça; ela é que nos escolhe. Não poderemos nos estender nessa questão, já que se trata de tema extenso. Aspecto aí envolvido que muito me incomoda é a tradicional e largamente utilizada prática de apelo para levantar a mão, vir à frente ou repetir uma oração como sinal de "aceitação", que nada mais é do que mais uma obra da religião. Sejamos sinceros: pode ser este o sinal da regeneração ou o "bilhete" para a salvação do pecador? Deus teria realmente proposto ao Seu único e amado Filho que passasse por tudo o que passou, por todo o sofrimento e humilhação da cruz, para que a justificação ali alcançada ficasse à mercê da vontade de uma raça corrompida e perversa? A fé regeneradora pode ser atingida sem a pregação do Evangelho? A todas essas indagações respondemos "não" com respaldo na Palavra de Deus.
            Jesus pregou a um líder religioso que ninguém pode entrar no reino de Deus, nem vê-lo, se não nascer de novo, isto é, se não nascer da Palavra e do Espírito. Não obstante, muitos cristãos e muitos pretensos pregadores do Evangelho (pretensos porque para pregar é necessário conhecer; para conhecer é necessário viver; para viver é necessário morrer com Cristo) têm verdadeiro horror ao termo "novo nascimento", sendo mesmo difícil ouvi-lo em suas pregações. Quando o mencionam, reduzem o seu efeito prático a uma "aceitação a Cristo", cujo conceito e extensão é de difícil explicação e entendimento, porque carecem de respaldo bíblico.
            Conforta-nos saber que só pode falar do novo nascimento quem já passou pela experiência e que esta não se trata de nenhuma doutrina nova, nem de filosofia humana, senão de teologia divina a que o próprio Jesus deu ênfase; é a terapêutica da Trindade para a problemática do pecado. Jesus declarou: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, esse a salvará". E, ainda: "O Espírito é que vivifica, a carne para nada serve. As palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas alguns de vós não crêem. É por isso que eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai não lhe for concedido". Por fim: "Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar".
            É contra a natureza humana negar-se a si mesma. Conhecedor dessa natureza, Jesus deixa claro que ninguém pode ir a Ele se Deus não o conceder, e ninguém pode conhecer a Deus se Cristo não O revelar. Por outro lado, é o Espírito que vivifica. O homem nasce morto em delitos e pecados, e é impossível que nesse estado ele possa crer ou aceitar as verdades espirituais. Mais uma vez vale lembrar a lição do Mestre: "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá. Crês isto?" . Aqui há uma lição e uma constatação. Jesus é a vida. Só podemos ter vida eterna nEle; só podemos ter vida eterna quando cremos nEle ("todo aquele que vive em mim e todo aquele que crê em mim, nunca morrerá"). Isso não significa que quem quiser crer nEle terá vida, mas aquele a quem for dado crer terá vida nEle, porque já terá sido vivificado e regenerado pela Palavra e pelo Espírito.
__________
CONTINUA...

quarta-feira, 24 de abril de 2013

JUSTIFICAÇÃO SEM AS OBRAS DA RELIGIÃO - Parte 4


            Qualquer doutrina que anatematize a doutrina do pecado original, do cativeiro da vontade à natureza pecaminosa, é perigosa, porque é o convencimento de seu estado miserável e incrédulo que conduz o homem a suplicar pela graça de Deus, que é plena e essencial para que o pecador receba o dom da vida eterna e permaneça na santidade. Lamentavelmente, é fácil constatar que o Pelagianismo e o Arminianismo têm-se infiltrado em nossas igrejas e inspirado muitas declarações doutrinárias. Eis porque temos tantos arminianos declarados (e alguns disfarçados) ocupando púlpitos e cargos de projeção na estrutura organizacional das igrejas ditas cristãs. Convém alertar, todavia, que à luz da Palavra de Deus nem o Pelagianismo nem o Arminianismo se sustentam. O homem está absolutamente perdido e depravado: "Não há ninguém que entenda, não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há um só". Isaías chegou a indagar: "Como, pois, poderemos ser salvos? Todos nós somos como o imundo, e todos os nossos atos de justiça como trapo de imundícia; todos nós caímos como a folha e os nossos pecados como um vento nos arrebatam".
            O homem foi gerado à imagem e semelhança de Adão após a queda, portanto nasce em pecado. Davi revela: "Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe". Paulo concorda e reputa a responsabilidade da introdução do pecado ao primeiro representante da raça: "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram". Convém questionar: quem tem mais poder, Deus ou o homem? Deus, certamente! Então, se entendemos que esse homem caído, perverso, imundo, tem capacidade e livre-arbítrio para escolher a Deus, não estamos dando mais poder a ele do que a Deus? Por que imaginamos que Deus não tem poder para escolher e salvar o homem?.
            Diante da revelação da Palavra de Deus, forçoso é concluir que qualquer doutrina que divida a soberania de Deus com o homem é antibíblica. O enfoque bíblico é Cristo, como expressão máxima da graça de Deus: "Pois foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus"; "Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Ninguém nunca viu a Deus, mas o Deus unigênito, que está ao lado do Pai, é quem o revelou". Na plenitude de Cristo, isto é, quando Ele se torna pleno em nossa vida, quando passa a ser a nossa vida, recebemos graça sobre graça. Ele é a manifestação viva da graça de Deus. NEle se manifestam a graça e a verdade de Deus, pois afinal Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Graça é Deus dando vida a quem estava morto. É Deus dando Cristo a quem merecia a morte. Tão maravilhosa é essa graça que Cristo foi constituído não apenas a nossa redenção, mas também a nossa sabedoria, e justiça e santificação.
__________
CONTINUA...